quarta-feira, 19 de março de 2014

CLÁSSICOS DA LITERATURA UNIVERSAL: Contos de Fadas



Clássicos Universais da Literatura: CONTOS DE FADAS

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Os contos de fadas encantam as crianças por evocarem a tecla mágica da imaginação e da fantasia presente em seu interior. Embora a história contada seja a mesma, cada criança será tocada de maneira diferente, pois é a representação subjetiva e interna da história que irá proporcionar uma identificação. Radino (2003) ilustra que a identificação com os contos de fadas se dá pela presença de heróis comuns, parecidos com qualquer um de nós. Os protagonistas não têm um nome particular que os situe como alguém real. Seus nomes são genéricos e descritivos, como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, A Bela e a Fera, etc. Quando os têm, são nomes comuns como João e Maria. Dessa forma, torna-se mais fácil uma identificação com esses personagens genéricos, que vivem situações cotidianas e que têm uma família comum, e não sobre-humana ou sobrenatural.
O momento de contar histórias é acima de tudo uma fonte de prazer e contribui de forma ímpar para o desenvolvimento, social, cognitivo e emocional da criança, pois é através dos mesmos que ela vivencia uma aprendizagem significativa, trabalhando-se o lúdico e o imaginário infantil. De acordo com Bettelheim (2006), o conto de fadas é psicologicamente mais convincente do que a narrativa realista, porque coloca a criança frente a uma situação-problema cuja solução ela encontrará a partir da sua capacidade de imaginar. Desta forma o conto de fada terá um efeito terapêutico na medida em que quem lê/escuta encontra uma solução para sua situação-problema, ou seja, seus medos e angústias. É como se a criança ao sentir-se atraída pela narrativa, não se deixasse abater pelos seus problemas reais e experimentasse lutar contra as dificuldades da vida.
Assim, segundo Corso e Corso as crianças fazem uso dos contos de fada para “elaborar seus dramas íntimos, para dar colorido e imagens ao que estão vivendo”, costumando utilizar-se de fragmentos dessas histórias, para questionar sobre algum assunto que as está inquietando.
As histórias contadas para os pequenos, de acordo com Bettelheim (2006),  possibilitam a elas parar e refletir sobre a problemática suscitada pela narrativa, partindo, inclusive, de elementos da ficção e da fantasia que servem para resolver os problemas enfrentados pelos personagens, como forma de fazer o mesmo com sua própria história, re-significando os seus problemas mais íntimos. O autor ainda afirma que os contos de fadas têm êxito no enriquecimento da vida interior, no âmbito psicológico e emocional, por permitirem que se fale de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente compreende e – sem menosprezar as lutas interiores mais sérias que o crescimento pressupõe – oferecerem exemplos tanto de soluções temporárias quanto permanentes para dificuldades prementes.
Bettelheim (2006) complementa, ao afirmar que as ambigüidades (bom e mau, feio e belo) presentes nos contos de fada permitem que a criança tenha, a partir da identificação com os conteúdos presentes na história, uma base para compreender que de fato há várias diferenças entre as pessoas e que cabe a cada um de nós escolher o tipo de pessoa que queremos ser. As escolhas das crianças se dão em torno do certo versus o errado e de quem desperta sua simpatia e quem desperta sua antipatia. A linguagem objetiva e simples de um personagem bom faz com que a criança identifique-se com ele e rejeite o mau personagem.
É através dos efeitos heróicos e das palavras mágicas que a criança, de modo inconsciente, acredita que também poderá encontrar força para enfrentar suas dificuldades na vida. Segundo Bettelheim (2006), o conto de fadas diz à criança de que maneira ela pode viver com seus conflitos, sugerindo-lhe fantasias que jamais ela seria capaz de inventar por conta própria. Fantasias essas que Radino (2003) define como nosso combustível interno.
Nesse sentido, um bom conto de fadas é aquele que contém todos os elementos que fazem dele tão significativo, o bom e o mau, o feio e o belo, a madrasta e o lobo, uma vez que: “[...]Fazendo uso dos personagens, tanto bons como maus, ela pode identificar-se com cada um deles, em diferentes momentos, assim que sua necessidade e angústia são despertadas. Os contos de fada mostram que o amadurecimento é ao mesmo tempo difícil e possível, podendo fazer a criança encontrar um final feliz, como o herói de sua história favorita” (RADINO, 2003, p.143), em outras palavras, os contos, apresentados de forma simbólica, possibilitam uma assimilação dos conflitos psíquicos de acordo com o estágio de desenvolvimento intelectual e psicológico em que se encontra a criança. Esse é o seu final feliz.
E vocês, com que contos de fadas se identificaram mais na infância? Contam essas histórias para as crianças? Façam comentários, Abrs

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